Dia 21 de agosto, às 19 horas, na sede do Instituto Estadual do Livro (Rua André Puente, 318 - Bairro Independência - Porto Alegre), será lançado o livro Henrique do Valle: obra reunida (440 páginas; R$ 40,00), que traz textos publicados e inéditos do poeta Henrique do Valle (1958-1981), com organização, apresentação e notas de Paulo Seben.
SOBRE O AUTOR
Quem tem mais de
cinquenta anos, frequentou o Bom Fim no final da década de 70, gosta de poesia e acompanhou os movimentos
culturais daquele período, certamente já ouviu falar de Henrique do Valle, ou "Ike",
como era conhecido. Quem tem menos de cinquenta, certamente vai se interessar
pelo mais marginal e radical poeta da cena boêmia porto-alegrense dos Anos de
Chumbo, morto aos 22 anos. Sua obra é agora resgatada pelo Instituto Estadual do Livro, juntamente com originais
inéditos perdidos durante trinta anos.
Sobrinho do
presidente deposto João Goulart, Henrique do Valle passou pela traumática
experiência do exílio. Já por seu primeiro livro, A espessa verdade/La espesa verdad, publicado em Buenos Aires em
1973, aos 15 anos, foi considerado uma das grandes promessas da poesia no Rio
Grande do Sul. Ike publicou ainda mais dois livros em vida: Vazio na carne (1975) e Anotações do tempo (1979); Do lado de fora é obra póstuma,
publicada em 1981.
O poeta atormentado
mergulhou fundo no álcool e nas drogas, todas elas, em especial o LSD e a
maconha, que o levaram a várias internações e até à prisão, vivências
transmutadas em poesia amarga, delirante - porém, paradoxalmente, capaz de
alcançar uma consciência que superou o maniqueísmo daqueles tempos
conflagrados.
Henrique do
Valle conseguiu “expressar as aflições, os desesperos, as dúvidas de uma
juventude sufragada num mar de acontecimentos convulsos que se debate entre o
desejo de encontrar um rumo e a depressão de precoce desengano”, segundo Pedro
Vergara. Nesse sentido, Ike era representante da chamada geração de “poetas
marginais”, desencantada com o sistema e reprimida pela ditadura militar. Sua poesia
está marcada pela denúncia social. No
entanto, Jorge Adelar Finatto, amigo do poeta, afirma: “a poesia de Ike é muito
mais do que um depoimento de geração, relato de um tempo mau. A obra que deixou
tem força interior e qualidade, vale por si, não é datada”.
A obra de
Henrique do Valle vem agora a público acrescida de inéditos encontrados com
amigos e familiares, numa edição conjunta IEL/Corag, com organização,
apresentação e notas de Paulo Seben, professor de Literatura Brasileira na
UFRGS.
Dia 21 de agosto de 2014, às 19h
Instituto Estadual do Livro - Rua André Puente, 318 - Bairro Independência - Porto Alegre
Mais informações: iel@sedac.rs.gov.br ou fone (51) 3314-6450